sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Esbaldar-me-ei na corte imperial (Eu, Pedrinho e Titila!)

            E então ela foi falando sobre o namorado que morava no Rio de Janeiro e estava há horas preso dentro do trem, perto da Central do Brasil "no Rio faz um calor meio estranho" e eu me lembrei de uma vez que fui pra lá com as freiras  e passei mal numa das missas por que estava muito abafado. Eu quis comprar um coco gelado e quiseram me vender um por cinco reais lá na porta da igreja, numa época em que com um real voce comprava uma pizza, um guaraná pequeno e um pacotinho de pastilhas da garoto na cantina da escola. Fiquei abismada com o valor do coco e preferi passar mal o resto do dia mesmo a dar cinco reais da minha mesada naquele absurdo.
           Claro que adoro o Rio de Janeiro. Uma simpatia que não se estende aos cariocas, claro. Por que me chamam de paulista como se eu não tivesse nome e também por que tiram sarro do meu sotaque. Anyway gosto do lugar e na verdade lamento não poder me esbaldar nele.  Sou pobre e moro em São Paulo, me esbaldo no Piracuama no domingo a tarde. Uma pena mesmo.
              Quando penso no Rio de Janeiro tenho dó do seculo XIX. "Do século XVIII voce não tem pena?" ela ainda me pergunta risonha e eu digo que não. No seculo XVIII ainda não tinha essa frescura de corte, o povo andava mais peladinho, mas pelo amor de Deus, o século XIX espartilhando e  sufocando devia deixar as pessoas tão irritadas umas com as outras que suicidio, tuberculose e teorias eugenicas foram o maior estouro naquela epoca!
          Eu, se fosse o sol do Rio de Janeiro no século XIX, me divertiria em brilhar como louca pra torrar as cabeças enchapeladas, os casacos de grossa lã londrina  e ver cariocas esvaindo-se em suor. . Não vou entrar no méritos de brasileiros serem babacas e seguirem modismos estrangeiros mesmo que esses lhe imponham sofrimento exagerado. Na verdade esse é todo o mérito, mas tô com preguiça de discussões ideologicas e só quero mesmo salientar que tenho dó do século XIX e imagino o cheiro dessa gente que só tomava banho com indicação médica e cujo rei guardava coxinhas de frango no bolso do casaco de veludo (!!!!!!!).
       Tenho muita dó do seculo XIX ! Ficar preso no trem deveria ser uma coisa muito pior do que é hoje em dia, tentei explicar-lhe para que tivesse menos dó do namorado preso no vagão do trem há tantas horas na capital fluminense.  Não é um pensamento original esse meu. Na verdade todo professor de história fala isso quando vai dar aula de costumes no Império. Pois que não somos originais, o que contamos sempre já aconteceu e sempre todos estão carecas de saber. No Rio de Janeiro faz calor desde que o Brasil é Brasil. Simples assim. Dentro e fora do trem. A diferença é que o povo no Leblom não sente!


ps: Um grande viva a D. Pedro que foi o primeiro ( hã hã entendeu trocadilho???), a se esbaldar no Rio de Janeiro, mesmo com casacos de veludo e sol sádico, não satisfeito arrumou ainda uma amante paulista e veio se esbaldar em São Paulo também, as margens do Tiête. Esse era malandro. O resto é História.

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