sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Das festividades de Momo II: O Primo da Paulinha

                     Carnaval que é carnaval tem sempre muita gente chapada. E muita gente suada. E muito reencontros estranhos no meio da multidão.
                         Escrevi um livro nos últimos cinco anos, cujos personagens me envolveram de forma tão profunda que sinto como se eles existissem realmente. Não que não existam. A verdade é que todos eles foram um aglomerado de varias características de varias pessoas que encontrei durante minha vida, mas apenas um deles é literalmente uma determinada pessoa viva e ambulante. Um garoto engraçadinho  tinha pavor de tudo de pensar no fim do mundo. De uma inocência que chegava a causar risos, sua pior caracteristica era ter como melhor amigo um tal alpinista social fraco de cabeça e doente de alma com quem tive o desprazer de namorar certa vez. Os estragos foram terríveis.
                          Pois que ele veio disfarçado na massa dançante e suada do escaldante calor de fevereiro, mexeu comigo mas não me reconheceu. Eu ainda tirei os óculos escuros e um pedaço da fantasia "Não me reconhece?" ele riu e quando citei o nome do antigo amigo ele correu. Depois voltou, me deu um abraço demorado, mas não disse uma palavra. Sorrindo ainda acenou e sumiu  na multidão. O menininho virou um homenzarrão de um metro e oitenta, sabe Deus também como reconheci, mas essas coisas são assim mesmo. Tem gente que enxerga melhor alcoolizado.
                  Durante alguns minutos fiquei me perguntando porque cargas d'água ele preferiu se abster de dizer qualquer coisa, talvez tenha se livrado do alpinista social e não quisesse responder maiores perguntas, nunca se sabe. Passei o resto do dia com a sensação estranha de ter visto um personagem meu criar vida e vir ao meu encontro, me esquecendo porém que o personagem dele , sendo literal, foi criado primeiro por Deus, Alá., Buda ou qualquer um de sua preferência. Eu apenas o transferi para a palavra escrita. 

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