"Se pensamentos voluptuosos já nos tornam adúlteros de fato, mesmo que nenhuma ação desses pensamentos tenha se derivado,estamos todos fatalmente condenados a danação eterna . Se o desejo que nos brota natural e inevitavelmente, é de fato tão deveras perigoso, justo seria que não tivéssemos então capacidade de produzi-lo e assim viver em paz...". (Diário de Catarina , 22/05/1942)
Ele não tinha dinheiro, tampouco boas roupas, mas bem vestia-se para ir a aula com o que podia. Era um ritual para o jovem pai de família ir a escola, tal como era ir a igreja aos domingos. Mas o ritual era para as letras, não para ela, Catarina, moça rigorosa, seguidora das leis, que ao entrar na sala de aula sempre fazia de leve uma referência a foto do presidente Vargas na parede, e arrepiava-se de emoção ao cantar o hino nacional.
Às seis e meia, os homens e mulheres de sua turma entraram na sala de aula e fizeram a oração do dia. Catarina repetia aquelas palavras sem meditar, sabendo que sobre ela pairava o inquisidor olhar de Deus, reprovando-na na baixeza de seus desejos."O ser humano é de fato criatura sem ética, de aguçada tendência a imoralidade e a convivência com seus iguais trata de piorá-lo." ouvira Elena dizer certo dia e pela primeira concordava.
Ela não tinha menor duvida que o odor de seus sonhos ultrapassava as barreiras do onírico e tomava-lhe de assalto a pele, muito bem coberta pelos panos de seus vestidos, mas indisfarçável ao faro aguçado da podre alma que habita o gênero masculino. Pois que uma semana depois do início dos infortúnios no seu sono, o protagonista deles tornou-se o mais aplicado dos alunos. Todos os dias trazia algo além das lições de casa, que ela corrigia e elogiava friamente "Continue assim.". Ele, por sua vez, voltava para sua carteira satisfeito, e não desgrudava dela os olhos claros, o borrão azul no rosto castigado pelo sol.
Ela não tinha menor duvida que o odor de seus sonhos ultrapassava as barreiras do onírico e tomava-lhe de assalto a pele, muito bem coberta pelos panos de seus vestidos, mas indisfarçável ao faro aguçado da podre alma que habita o gênero masculino. Pois que uma semana depois do início dos infortúnios no seu sono, o protagonista deles tornou-se o mais aplicado dos alunos. Todos os dias trazia algo além das lições de casa, que ela corrigia e elogiava friamente "Continue assim.". Ele, por sua vez, voltava para sua carteira satisfeito, e não desgrudava dela os olhos claros, o borrão azul no rosto castigado pelo sol.
No final da noite a turma saia sempre apressada e exausta, por que o trabalho se iniciava cedo no outro dia "Mas eu ainda tenho uma dúvida..." ele lhe disse, a voz fazendo eco na sala vazia. "Amanhã, está bem?" ela organizava os livros sobre a mesa. Os olhos baixos fugindo dos dele, enquanto os dele divertiam-se em persegui-la. "Amanhã está bem, professora."e tocou-lhe a mão. Catarina por sua vez lançou para ele olhar assustado de bicho ferido, encararam-se por alguns segundos, o maldito borrão azul "Está tudo bem, professora?" ela retirou a mão, a respiração alterada "Mas claro. Agora vamos embora. Por favor. " era quase uma súplica.
6 comentários:
Perturbadores esses olhos azuis. . .
Olhos de ressaca desse menino...rs
as vezes literalmente...pobre catarina!kkkkkkkkk
Estou acompanhando. Tá ficando interessante.
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bom saber que está gostando!!!=) segunda feira tem mais!!
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