sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Sexto Mandamento


     " Eu, porém, vos digo: todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração (Mt 5,27-28)." Mas jamais se levou em conta o desejo das mulheres....



         Acordou incomodada, como quem veste roupa apertada e não consegue se livrar. Sabia que não era certo. E o certo era sempre o certo a se fazer, ou o mundo não seria divido entre certo e errado, afinal! Ainda caminhava pela rua na manhã gelada, os portões do grupo escolar recém abertos, sempre uma das primeiras a chegar. O sinal bateu e a fila por ordem de tamanho entrou na sala de aula, por último ia esguio meninote,  não tinha mais que sete anos a criança. Ao observá-lo ela respirou fundo, chacoalhando a cabeça como quem espanta uma mosca, a mosca dos pensamentos indevidos.     
     "Sente-se lá no fundo hoje..." ela disse ao aluno pouco depois da hora do recreio. Sim, por que o menino fazia questão da primeira carteira, bem em frente sua mesa, o que não seria incômodo nenhum, não tivesse a criança aqueles malditos olhos, sedentos de conhecimento. Ele queria aprender, o pobre menino, seria um orgulho fosse outra criança que não aquela, que carregava na face os olhos imorais que  perseguiam-na em seus sonhos tão recorrentes, a genética era mesmo ma coisa maldita em certos casos. 
       " Troque de lugar com o José Luiz e sente-se lá no fundo...". O menino levantou-se resignado, naquela época as crianças obedeciam as professoras, mas o interior dele reclamava " Não é justo, eu não fiz nada..." e não passava mesmo de uma maldade muito grande com a criança.
         A tarde transcorrera em calmaria, como as outras, corrigindo os testes de aritmética. As notas decaíram em avalanche e em breve a mãe do menino viria falar-lhe, com a cara muito pálida e as mãos muito brancas, a voz tão baixa, sempre que falava parecia que breve se derramaria em pranto, oh paciência, ela preocupava-se com o desempenho do filho. E ela, Catarina, teria de arrumar uma forma de explicar àquela mãe que nos últimos dias não pudera dar atenção maior ao menino por que havia algo de perturbador nos olhos da criança que não deixavam-na aproximar-se sem lembrar-se das bobagens absurdas que andava por sonhar nos últimos tempos. Quando deu por si eram seis horas. E a inquietação só fez aumentar.


(continua...)

2 comentários:

Unknown disse...

Oi, Daniele! Mais um pouco de suspense pra gente acompanhar. Gostei. Até a próxima!

Daniele Andrade disse...

opa suspense é bom tb!!mas esse é um pouco mais sério do que o outro!brigada por acompanhar!bjão!