quarta-feira, 13 de março de 2013

A Adorável Vida de Catarina - Espelho, Espelho Meu...

 A Catarina  fez escova progressiva e achou que ficou bonito, mas como não basta apenas isso, ela teve que entrar em crise existencial. Muito embora as pessoas dissessem que estava bonito o cabelo, ela se perguntou quanto daqueles elogios eram sinceros e ai ficou estranha. Olhou-se no espelho de soslaio e achou seu nariz grande. Inconformada, perguntou pelas ruas. "Meu nariz é  grande?" E todos negaram, como não viam? A coisa podia ser muito, muito pior que pensava. E se fosse feia? Jamais saberia!!!
    Quando se é bonito fala-se a respeito, mas quando se é feio, enfim, ninguém tem coragem de te contar a verdade (a menos que você seja uma criança malvada querendo irritar  o coleguinha da escola, mas sempre tem algum adulto perto pra te iludir de novo e dizer que é mentira). Quantas vezes não dissera inverdades desse tipo pras pessoas? Oh céus,  será que fora enganada uma vida inteira?
   Desde pequena vira a mãe se derretendo em elogios e na adolescência teve alguns admiradores. Mas, tem gosto pra tudo nessa vida, o Restart não tá cheio de fã? Como saber a verdade?  Como, como,como? Por que o que via no espelho não era a realidade mas uma ideia que fazia de si mesma e mesmo que perguntasse aos amigos mais sinceros eles também não diriam, então não saberia, e dai a duvida. Daí o dilema, daí o problema.
  E não se tratava de auto estima. Se tratava da agonia do não saber. Não saber se feia, e se feia, não saber o grau de intensidade da feiura que podia estar escondido por detrás de sua ilusão. Podia tanto ser daquelas feinhas, que de maquiagem  viram  atrizes do Wolf Maia, quanto feia mesmo, de fazer figuração em filme de presídio. 
    Tinha horror dos extremos, todos sempre ruins. Ser extremamente bonito devia causar suas duvidas: "Quem se aproxima de mim realmente quer meu espirito, corpo, alma e coração? Ou só me exibir por ai e se aproveitar do meu corpo nú?". Já o muito feio também deveria ter seus conflitos,  como sair na rua sem assustar os transeuntes? Assumir a feiura que lhe é idiossincrática  ou render-se finalmente ao Pintangui ? O extremamente rico também se questiona "Gostam de mim por que sou dono da Google ou por que tenho boas piadas?" O muito pobre, por sua vez, não tem conflito, por que os únicos que gostam dele é a fome e o Celso Portiolli e se tivesse algum conflito existencial provavelmente já o teria devorado há semanas com farinha, por que não tá fácil pra ninguém essa vida!
    No final das contas, sem saber da verdade encasquetou que era inteligente e assumiu certo ar de sarcasmo quando via alguém que julgava bonito na rua. Por que a beleza, assim como a feiura, eram ilusões. Só a inteligencia salvaria a humanidade. Chegou em casa e assistiu matrix.

Um comentário:

Lígia disse...

Quando eu tenho dúvida se sou bonita ou não, me olho no espelho, não pergunto pra ninguém hahahha